quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Antigamente



Há duas semanas fui numa viagem de 3 dias para uma cidade há uns 600 kms de Xi'an chamada Pingyao. Tentei realmente ser sucinto na escolha das imagens, mas é tanta coisa diferente que tenho pra contar com elas, que não tive outro remédio do que deixar todas estas aqui publicadas. Acho que terei que me conter no texto, aliás, tenho certeza de que as imagens vão me impedir de escrever muita coisa, já que se elas aí estão é porque explicitam várias coisas que eu queria contar. Vamos lá:

Primeira viagem de trem na China e, na realidade, da minha vida. (não, eu nunca estive na Europa). Os chineses não param de olhar pra você o tempo todo, claro. Querem ver como é o estrangeiro, o que come, como boceja, como fala, como mexe no celular....etc. Curioso é brincadeira. Trem noturno, viagem de 13 horas.





Pingyao.

A China tem uma cidadezinha do séc. XIX conservada quase que completamente da maneira que era na época em que foi construída. Esta é Pingyao. Ela surgiu como tal numa época em que grandes capitais se fixaram ali para emprestar dinheiro e trabalhar com investimentos, vulgo banco. Junto com o dinheiro dos bancos, fixaram-se ali pessoas ricas, lutadores de kungfu e outras artes marciais que protegiam os carregamentos de dinheiro (numa época em que não existiam armas de fogo nem nada), professores de artes marciais e suas escolas e todo o comércio e riquezas que acompanham essa gente nobre em qualquer lugar. Depois que as guerras do ópio se acalmaram ao leste e os portos se enriqueceram, os ricos foram embora e levaram sua grana pra Shanghai e afins. A cidade obviamente ficou uma miséria e não se modernizou, tudo ia mal por lá até começar a virar atração turística justamente por ter parado no passado com suas casinhas e vielas antigas da época da China imperial. Daí virou patrimônio cultural da humanidade lá na Unesco.


Sim, fazia muito frio, não sei quantos graus, mas sei que jogava água no chão da rua e 10 minutos tinha poça congelada. Não chegou a nevar quando a gente estava lá, mas tinha essa neve nos telhados e nos cantos das ruas.



O que encanta na cidade, mais do que a sua história, é uma sensação de que você está andando num cenário de filme, num micro mundo cercado que é esse lugar que ainda conserva sua muralha. Não demora mais do que 15 minutos pra cruzar de norte a sul ou de leste a oeste. Obviamente tem uma cidade nova e maior do lado de fora da muralha, que cresceu com o turismo do lugar, mas não tem nada de interessante.

Café da manhã no hotel onde ficamos, Man Tou com leite condensado! Um tipo de pãozinho frito. O hotel estava bem no centro de tudo e tinha os móveis e tudo mais no estilo antigo.


Você compra um tíquete que custa 120 yuans que te dá direito a entrar em todos os templos e casas antigas da cidade. Visitei alguns lugares e tive as manhas de perder o maldito no final do primeiro dia (ele vale por dois dias). Não tive outro remédio do que comprar outro no dia seguinte, afinal eu já estava ali mesmo e tinha mais alguns lugares que eu queria visitar. Paciência.


As casas são super legais, mas são quase todas iguais, quase como os templos aqui na China, viu um ou dois, e, com algumas exceções, o resto é tudo igual. Tem sempre um pátio principal do lado de dentro com alguns cômodos em volta. Muitas vezes as casas são enormes, mas ao invés de cômodos grandes, elas têm muitos pátios e muitos divisões, a casa vai se espalhando por portas e passagens.




Andávamos pelas ruas e os vendedores de souvenirs e tranqueiras não paravam de chamar falando: hallo! teika luka!


Depois de dar um rolê na parte principal, fui andando mais pra perto da muralha, numa parte mais periférica do centro antigo.





Neste templo, parece que eles não estavam ligando muito pros turistas ali, então aproveitei pra bater um pouco num autêntico tambor chinês.




Mais uma pra coleção: chinglish...


Num dos muitos restaurantes que paramos pra fugir um pouco do frio desgraçado, Daniel e Eryka, o casal que vive logo abaixo do meu ap. Ele, 24 anos, alemão nascido na Polônia, ela, 32 anos, californiana. Se conheceram em Londres há 4 anos.


Uma de mim, só pra variar e só porque gostei desta foto que o Daniel tirou.


Se tem uma coisa que os chineses fazem bem é decorar tudo com muitas luzinhas para que até a parede mais sem graça fique bonitinha de noite.



O mais legal é sair andando. Fora das ruas principais, onde estão as atrações turísticas e tudo mais, pode-se passar por umas vielinhas onde muita gente mora e ouvir os vendedores de tofu ou verduras passarem com suas bicicletas anunciando sem parar.






Este objeto colorido é como uma coroa de flores para quando alguém morre, é tradição em toda a China. Outra tradição por aqui é a amizade íntima com o senhor Carvão.




Este sujeito cobrava das pessoas para posarem com seus animais enfeitados. Sem comentários.


A China já foi conhecida como a terra dos sorrisos.


Comprei um poema deste senhor que pintava caracteres. Para quem não sabe, a caligrafia chinesa é considerada uma arte. Calígrafos pintam/escrevem poemas tradicionais ou originais num papel super fino com um pincel especial e depois carimbam com uma pedra com tinta vermelha que identifica o trabalho como deles, como uma assinatura.



Pingyao foi de fato uma delícia. Estava vazio porque fomos num fim de semana qualquer no meio do mês. O sol não parava de brilhar, então mesmo com frio dava vontade de se perder pelas ruas labirínticas e parar a cada tanto para ver o tempo passar.
Subi na muralha duas vezes e em cada vez dei meia volta na cidade. Como a cidade só tem casas térreas ou sobradinhos baixos, dá pra ver tudo lá de cima.




.......

Semana que vem termino minhas aulas deste semestre, tenho que aplicar umas provas e depois quase 6 semanas de férias, devo viajar, não decidi ainda para onde. Provavelmente para algum lugar pro sul, para fugir do frio.
O feriado de Natal eu passei em Shanghai, aguardem postagem em muito breve!

beijos