domingo, 26 de agosto de 2007

Ambientando...

Tenho uma coisa pra contar pra vocês. Realmente existe censura à internet na China. Eu consigo, por exemplo, escrever esta mensagem e publicá-la, mas não consigo entrar neste blog para ver como ficou, porque o site Blogger.com está bloqueado pelo governo chinês. Eu tenho que usar um site chamado anonymouse.org, que me redireciona pra minha página!!!
Estes dias eu tenho acordado cedo, passeado de manhã, e de tarde ficado mais aqui no apartamento, ainda mais agora que estou com minha nova paixão, meu MacBook, instalado com acesso à internet do campus. O calor depois do meio dia é bem difícil de aguentar.
Esta é uma rua só para pedestres aqui dentro do campus, e tem um jardim muito bonito rodeado por uma pequena marquise. Estou fazendo um esforço enorme pra tentar aprender um pouco de chinês nas horas que fico aqui no ap. Agora, com o computador, que chegou na sexta de manhã, fica mais fácil, pois escuto uns cd's de uns cursos. É uma merda sair na rua e não ter noção de nada, nåo conseguir falar com ninguém, nåo poder perguntar direções, olhar pra uma placa de uma loja e não ter a mínima idéia do que seja vendido lá. Tudo que eu consigo fazer agora é pedir uma água gelada (se não pedir gelada eles te dão quente mesmo!), perguntar quanto custa alguma coisa apontando pra ela e com muita dificuldade entender o valor que a pessoa me responde. Logo mais vai começar o curso de chinês que a universidade dá pros professores estrangeiros e acho que deslancho (de leve).
Agora eu preciso explicar uma coisa pra que entendam alguns porquês. A cidade de Xi'an está eternamente mergulhada numa neblina densa e acizentada. Esta foto eu tirei no dia em que fui até o centro visitar a torre do sino. Essa construção antiga que vocês estão vendo é a torre do tambor, que está a só 200 metros de mim. Reparem na maldita névoa!
O sujeito nunca sabe se está sol, nublado, se é manhã ou tarde, se vai chover ou não, se ele está na sombra ou se sua pele está sendo lentamente bronzeada. Por isso, muitas vezes eu tento lembrar de cousas que me passaram por aqui e não consigo lembrar em que hora do dia aconteceram. Talvez, quando eu esteja numa rotina de aulas, eu possa ter mais referência. Esta semana fiquei pra lá e pra cá, fazendo as coisas conforme eu ia tendo idéias, pois, afinal, estou sem nenhuma obrigação por enquanto. Bem, quinta-feira de manhã (eu acho...) uma professora com cara de ocidental me abordou aqui no campus e me convidou pra almoçar com ela e com o marido num restaurante aqui por perto no dia seguinte. Eles são australianos, ela mora aqui há 4 anos ele há 9!! Fiquei conversando com ela por uns cinco minutos, alegre que estava por poder me comunicar com alguém. Então, na sexta, eles me levaram à um restaurante muito bom aqui perto. Pedimos vários pratos diferentes, todos cheios de molho, muito temperados e um mais picante que o outro (a comida é toda assim aqui nesta região). Os pratos são todos colocados no centro da mesa e você vai comendo direto da daí com os seus palitinhos. Alguns restaurantes te dão um pequeno pratinho, do tamanho de um pires, que é mais pra apoiar o seu hashi e segurar os respingos. Se você pediu uma porção de arroz, que é individual e vem num potinho, pode ir pegando um pouco de comida e ir colocando em cima dele, e então comer as duas coisas juntas.
Os dois australianos são muito simpáticos, Chris and John. Eles se conheceram quando ela veio pra cá pela primeira vez como estudante há vários anos atrás num intercâmbio, quando ele já era professor. Depois ela voltou pra Xi'an para trabalhar como professora de inglês e hoje eles moram juntos num apartamento igual ao meu. No final do almoço, de repente, eu vejo um cara meio que engatinhando como um cachorro no salão e chegando cada vez mais perto de mim, em movimentos histéricos, até realmente colar do meu lado e começar a cheirar a minha perna como um bicho. Era Oliver, um professor amigo do casal, se apresentando. Ele, certamente, como vocês puderam perceber, é uma das pessoas mais figuras que eu já conheci. Ele e um outro cara que estava junto sentaram conosco. Os dois são ingleses e, como tais, gostam bastante de cerveja. Aliás, tenho que confessar uma coisa: a cerveja daqui é deiciosa. É diferente, e é feita com arroz e cevada, eu acho. Muito boa! Tem várias marcas locais e é bem barata, até nos restaurantes. Eles almoçaram e eu tomei mais uma.
Ontem, sábado, fomos jantar todos juntos mais um professor mexicano, uma indiana e um outro cara da austrália. Oliver não parava de falar nunca, nem de fazer piadas e contar histórias. Depois de comer, fui com ele e com o outro inglês pra um bar aqui do lado do campus tomar mais cerveja de arroz. Eles me contaram que o outro australiano que estava com a gente no jantar faz parte de um grupo de professores que a igreja católica mandou pra cá. Parece que existe um acordo em que a universidade economiza trabalho, e talvez dinheiro, e a igreja arranja vários profesores de língua estrangeira por ano, todos religiosos e que vem meio que catequizar os chineses. Dá pra acreditar???
Voltamos pra casa lá pela meia noite e nos despedimos. Oliver trabalha em Beijing. Não vou poder rir do seu humor inglês cotidianamente... uma pena.

pra quem não tem:

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5 comentários:

Lupa disse...

Diego, as fotos estão lindas. Tô sentindo que vai ser uma delícia acompanhar sua vida daqui, da onde eu estiver.

Bjo

Unknown disse...

nossa, di!
pode ser uma super reportagem!
adorei ler suas periécias por aí!
bjim

Anônimo disse...

oh yeah, that´s the way aha aha I like it......

Anônimo disse...

Muito legal Diego. Muito incrível poder acompanhar a sua experiencia na outra face da terra. Quero mais!!

todestrip disse...

Diego!
Que foda, cara.
Vai ser uma viagem morar num lugar de névoas. Muda toda a sua percepção de luz. Achei essa foto da torre do sino linda.

Conta mais!

Beijo,

tati