quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Vida de estrangeiro

Semana passada fui com minha câmera dar uma olhada numa viela que tem aqui perto da universidade. Já tinha passado por lá com alguns professores num dia em que fomos jantar fora. Ela vai da avenida Chang'an, onde estou, até a próxima avenida paralela para oeste. É um lugar muito interessante à noite, quando muita gente está voltando pra casa do trabalho e há dezenas de lojas abertas, pequenos restaurantes, barraquinhas de comida, de fruta, de roupa, um pouco de tudo. À essa viela, somam-se outras menores que levam mais ainda pra dentro do quarteirão. Mas a coisa ferve mesmo nessa mais principal. Dos dois lados há predinhos de dois ou três andares cheios de plaquinhas luminosas e ideogramas chineses que eu ainda não sei ler. Acaba tudo mergulhado nesta magia da incompreensão, do pitoresco, que tem um lado bom, a beleza fantasia, mas tem um lado ruim também, que é o distanciamento que cria entre nós e eles. Assim como esse lugar existem centenas por aqui, e em nenhum momento eu sinto perigo, não se vê a malandragem pela rua como se veria no Brasil, por exemplo. Quero voltar e explorar mais essa viela, e outras também, achar o que há de interessante e de intrigante nelas.






No domingo à tarde, todos os professores estrangeiros fizeram uma reunião com a equipe da universidade que gerencia nossa vida por aqui. Rolou numa sala de eventos no hotel do campus, que fica do lado dos nossos apartamentos. Foi legal, deu pra conhecer algumas pessoas que eu não tinha conhecido ainda, inclusive um suísso bem jovem que veio ensinar francês, bem gente boa. Vou dar uma pesada nele pra melhorar meu francês.



Na segunda-feira começaram as aulas, mas só para os outros, porque, de fato, vou dar aulas pros alunos do primeiro ano, que têm o treinamento militar em setembro antes de começarem a estudar. Eles ficam no campo de futebol aqui do lado marchando o dia inteiro! De qualquer forma, aproveitei que o ônibus dos professores começou a fazer o trajeto pro campus novo e fui conhecer o lugar. É simplesmente gigantesco. Descobri que estudam 17 mil alunos nesta universidade e que a maioria esmagadora deles vive num dos dois campus. No novo habitam nada menos que 10 mil!!! Eles dividem quartos com umas 6 pessoas, dormindo em beliches. Não têm cozinha nem sala, acho que só banheiro e uma varandinha (onde eles pinduram a roupa). Comem todos num refeitório de três andares com capacidade pra 5 mil pessoas sentadas. Grande? Os estudantes todos têm um cartão magnético que usam pra pagar a comida que pegam num dos vários estandes dentro da cantina.
O campus novo também tem um pequeno shopping, com correio e até banco, um pequeno estádio, uma biblioteca gigante, e uns 9 prédios interligados onde ficam as salas de aulas, centenas delas. É numa delas que eu vou ensinar chinês a falar "ÃO":



Agora, só uma imagem do mercado de tecidos que eu fui junto com algumas professoras, mais pra conhecer e pelas imagens do que pelos tecidos mesmo (?!). Só pra vocês irem criando um imaginário mais trabalhado daqui da China.


Bem, ontem, eu finalmente fui ver os tão famosos guerreiros de terracota de Xi'an. Fui com uma espanhola amiga de uma professora, que está de passagem, e com uma aluna de espanhol da universidade, que foi meio de guia. Coitada, ela se esforçava tanto, mas eu não entendia metade do que ela falava. Deve ser tão difícil pra eles falarem uma língua ocidental, quanto pra nós falarmos chinês. O maior problema é que, quando eu entendia as palavras que ela dizia, muitas vezes eu não conseguia entender o sentido da frase, a sintaxe do que ela estava tentando me dizer. Mas enfim, eu peguei algumas coisas e outras eu tinha lido antes de ir. Tomamos um ônibus até a estação de trem e depois outro, que levou uma hora, até o local. O tal imperador Qin, que foi quem unificou a China por primeira vez, no séc. 3 antes de cristo, desde que subiu ao poder, começou a construir um mausoléu para que, quando morrese, levasse tudo que precisava para o outro mundo. Inclusive o seu exército inteiro, que são essas figuras em tamanho natural que seus artesãos esculpiram à semelhança de cada um dos seus soldados de carne e osso. Isso é que é o mais incrível. O que não é nada incrível, e que já era de se esperar, é que o governo (que é dono de tudo na china, se vocês ainda não entenderam) cobra 90 RMB (9 euros) para entrar. Pros turistas europeus é barato, mas eu, que ganho mais ou menos bem pra moeda local, acho caro, imagine para um chinês comum. Detalhe, se você quiser descer pra parte em que se chega mais perto dos guerreiros, tem que pagar outros 150 RMB. Nem cheguei a verificar quanto custava pra entrar na parte de arqueologia e andar pelo meio das figuras! O mais engraçado: centenas de turistas, cada um deles com uma câmera digital ou uma filmadora nas mãos, ou as duas coisas. Eu me diverti fotografando muitos deles enquanto apontavam seus aparelhinhos pras estátuas! Todo o museu, que engloba três galpões com estátuas desenterradas e algumas outras coisas, fica num espaço enorme cheio de jardins e caminhos, com lojas, restaurantes, etc, tipo Disney. (!!!) Tudo bem caro.




Um adendo: a parte mais divertida de muitos dias tem sido o jantar com a galera daqui. Ontem fomos num vegetariano bem chique, que custou 30 RMB pra cada um (3 euros). Barato? É mais divertido ainda quando estamos na companhia de Almut, uma alemã de 30 e tantos anos que têm um humor dos melhores que eu já vi! Estão na foto também, Jen, inglesa, e Lisa, australiana. Acho que dá pra identificar quem é quem.



Um grande beijo à vocês,

Até.

3 comentários:

Unknown disse...

q gostoso ler um pedacinho de vc!
1000 bjos saudosos!

Unknown disse...

Ei Dieguitooo!!!

Li um pouco do que vc anda aprontando aí pela terra dos olhos puxados. Que bom saber um pouco da tua vida por aí.
Saudade.
Josefine( ou para os íntimos, Joana)

Anônimo disse...

pois é
esse primeiro imperador vive até os dias de hoje nas telinhas das retinas do mundo. Realmente ele consegui se tornar imortal.antes havia um preço para o chines e outro para o estrangeiro. é chato de qq modo.